No anoitecer da esperança,
Eis que lá no fundo da mata
Surge um grito que quebra o silêncio,
Que sai do fundo da alma e ecoa...
Tão aflita, triste a chorar...!
*
É profundo e bonito,
Parece mais um canto,
Feito de lágrimas do coração,
Que faz estremecer...
É o grito indígena que encanta...
Denuncia, geme e implora!
*
É um pedaço de mim esquecido e maltrado,
É um pedaço de Gonçalves Dias nas estrelas indignado!
É um pedaço de nós completamente ignorado!
Um grito que pede socorro e abrigo!
Pede um ninho para o seu cocar e sua flecha,
Para descansar e cuidar das nossas florestas!
Perto das majestosas e límpidas águas dos rios.
*
Eles são a seiva das árvores,
Representam as memórias do homem vermelho,
Em sagradas terras por onde pisam e pisaram!
São símbolos de vossos ancestrais,
São fios de ouro da nossa história,
Tecidos com o suor do trabalho e sangue,
E agora desfeitos pelo homem branco!
*
E agora...são simplesmente jogados pra fora!
Não importa mais o que fizeram,
Esqueceram até do Tibiriçá!
Após 500 anos de convivência conflituosa,
É a vez dos Guarani Kaiowá,
Que sofrem demais
Pela crueldade dos fazendeiros segregacionistas de lá!
*
A luz findou, os sonhos estilhaçaram-se!
Minh'alma repousa dilacerada em agonia...
No âmago da arte ouve-se o grito!
Na realidade absurda enterra-se o mito!
As margens do rio Hovy anuncia-se o genocídio!
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*(Rachel KeKa Alves)*
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